Na tempestade

Compartilhando uma meditação que fiz em tempos de tempestades e que Deus falou profundamente ao meu coração. Espero que fale ao seu também, pois restauração também fala de se aprender a pensar, a viver e  a crer biblicamente. 

A vida do discípulo é assim: uma caminhada. Nela há provas, ensinos, tesouros espirituais a serem descobertos, aperfeiçoamento e restauração. 

Meditação – Mateus 9.1-8

“ Entrando Jesus num barco,  seus discípulos o seguiram. E eis que sobreveio no mar uma grande tempestade, de sorte que o barco era varrido pelas ondas. Entretanto, Jesus dormia. Mas os discípulos vieram acordá-lo, clamando: Senhor, salva-nos! Perecemos! Perguntou-lhes Jesus: por que sois tímidos, homens de pequena fé? E, levantando-se repreendeu os ventos e o mar; e fez-se grande bonança. E maravilharam-se os homens, dizendo: quem é este que até os ventos e o mar lhe obedecem?

Primeira coisa que observei ao ler esse texto: os discípulos entraram no barco com Jesus. E aprendo aqui um pouco sobre ser discípulo.

Entendam algo, os discípulos eram conhecedores do tempo, clima, do mar, pois alguns eram pescadores. No entanto, nada comentaram sobre o tempo, nem sobre o mar. Não sabemos se entraram no barco porque Jesus entrara e confiavam que com Jesus nenhum mal os sucederia, ou se entraram porque o  tempo estava normal e portanto, não precisavam se preocupar. O que sabemos é que eles entraram naquele barco. Eles eram discípulos e queriam estar perto do mestre, queriam aprender como ele vivia, como resolvia os problemas, como pensava as situaçoes, a vida, como operacionalizava as coisas. Porque discípulo é um aprendiz. 

Ao meditar nessa primeira parte me sinto confrontada quanto a minha vida de discípula de Jesus, quanto ao desejo de segui-lo independente de qual seja o próximo passo, e próximo destino. Ser discípulo de Jesus é sempre desafiante. Ser discípulo de Jesus é acreditar na sua missão a ponto da missão dEle se tornar a nossa missão. O discípulo acredita no que o mestre acredita. Sonha com o que mestre sonha, ama aqueles que Ele ama. Acontece uma simbiose, a vida dEle se confunde com a nossa e vice-versa. Pois o discípulo não coloca em dúvida as intenções, os planos, e os objetivos do seu mestre. E ainda, ser discípulo é desejar parecer com seu mestre em tudo que Ele faz e é. Esse é o nosso principal objetivo como discípulos, é termos Cristo formado dentro de nós, no nosso caráter, no nosso homem espiritual.

Mas para alcançar esse objetivo temos que estar perto do Senhor. Para segui-lo precisamos ter confiança plena nEle, mesmo quando uma grande tempestade ameace chegar. Pois como os discípulos entraram naquele barco, nós também podemos entrar. Sabe por quê? Simplesmente porque Jesus entrou. Segui-lo é o nosso primeiro chamado. Ninguém segue de longe. Para segui-lo temos que estar juntinhos dEle, seguirmos suas pegadas, ouvirmos sua voz, conhecermos sua palavra, sentirmos seu perfume. E ainda ansiarmos por aprender com a sua próxima ação, com a sua conduta.

Na seqüência do texto o que ocorre é algo inesperado. Uma grande tempestade sobreveio sobre eles! Isso não estava nos planos dos discípulos, aquilo os pegou de surpresa. Como isso poderia lhes acontecer se Jesus estava no barco com eles? Eles não estavam fazendo nada errado, não estavam em pecado e ainda estavam pertinho de Jesus. Contudo, a tempestade desabou sobre eles no mar.

Entrar no barco com Jesus não quer dizer que estaremos livres das tempestades; seguir a Jesus não nos garante que nenhum mal nos sobrevirá. E isso é duro de entender, porque queremos que tudo seja fácil.  “No mundo tereis aflições, tende bom ânimo, eu venci o mundo”.

Pensando sobre essa parte acima, eu vejo como sou parecida com aqueles discípulos. Eu também queria que fosse fácil seguir a Jesus, queria garantias de que infortúnios  não mais me sucederiam, contudo, descubro que às vezes isso acontece exatamente porque estou seguindo meu Mestre, e mesmo que eu esteja perto dele e Ele perto de mim, sou provada na minha pequena fé, na minha capacidade de ser discípula e filha.

Os discípulos também estavam sendo provados. Os discípulos eram conhecedores do mar, mas começaram a se apavorar quando o barco começou a encher de água! Algo interessante que percebo aqui é que eles foram provados naquilo em que eram bons. Como pescadores com certeza já tinham passado por tempestades, no entanto, eles pareciam surpresos. O que me faz pensar que o fato de sermos peritos em algo, não deve nos deixar orgulhosos, auto-suficientes. Mesmo no que somos bons, temos que depender de Deus ou então seremos vencidos pela força da tempestade.

Eles lutavam na tempestade com as suas próprias forças. Ainda achavam que dariam conta de resolver àquele problema. Afinal, eles eram pescadores! Para quê incomodar Jesus com aquilo em que eram tão bons? Eles deixaram entrar água no barco para só então acordarem Jesus (Lc. 8.22). Enquanto isso, durante todo aquele tumulto, Jesus dormia!

Por que Jesus dormia?

Penso que tempestade nenhuma tira Jesus de sua paz, de sua tranqüilidade, de seu equilíbrio. Sabe por quê? Simplesmente porque Ele confia no seu Pai. Seu pai sabe de todas as coisas, pode todas as coisas.

Jesus não estava insensível ao perigo que seus discípulos corria, mas Ele aguardava, e talvez até ansiava para ser chamado àquela situação. Ou ainda, ele desejava ver a maturidade da fé dos seus servos e vê-los fazendo uso dessa fé. Muitas vezes fazemos o mesmo, tentamos com nossas forças, choramos diante da tempestade, reclamamos, insultamos a Deus, dizemos que Ele está dormindo, que é indiferente a nossa tribulação e demoramos a recorrer a Ele. Penso que devemos ser mais humildes e o chamarmos logo que a tempestade se formar. Devemos deixar toda nossa coragem e força de lado e correr para ele pedindo socorro. Às vezes demoramos demais para buscarmos o socorro do Senhor, quando Ele deveria ser o nosso primeiro pensamento. O que acontece é que por causa do nosso orgulho e independência o barco começa a encher de água. Ali no mar não tinha como fugir, se esconder, procurar abrigo, A única saída era Jesus. O único esconderijo era Jesus, e Ele estava ali pertinho, só esperando ouvir a voz dos seus discípulos lhe chamarem para ajudá-los. Mas os discípulos só clamaram quando a coisa ficou bem feia. Quando já havia entrado água no barco.

 Não precisamos deixar as coisas ficarem terríveis para clamarmos. Digo para mim mesma: Ara, não seja orgulhosa, você não é a mulher maravilha. Clame ao Senhor e tudo vai se acalmar. 
Jesus pergunta aos  seus discípulos: por que sois tímidos, homens de pequena fé? Entendo que Jesus estava cavando ali um caminho para seus discípulos descobrirem que também podiam usar do mesmo poder e da mesma autoridade que estava sobre Ele. Ele já conhecia suas reações de antemão e sabia que não agiriam diferentes naquela situação. Mas Ele queria gerar fé neles para as próximas vezes que enfrentassem tempestades.

Sei que o Senhor me pergunta cada vez que uma tempestade me sobrevém: Ara, por que és tímida, mulher de pequena fé? E eu me alegro porque sei que Ele já está me preparando para lidar melhor da próxima vez. Está me ensinando a ser mais humilde e correr logo ao seu socorro antes que entre água no barco. E isso se repetirá até que eu e você tenhamos uma fé a ponto de nos apropriarmos da autoridade que já nos foi concedida na cruz. A cada tempestade a nossa fé é aprimorada, aumentada, fortalecida. Cada vez aprenderemos algo novo e desfrutaremos do livramento e da bondade do nosso Amado Jesus.

Uma característica da tempestade é que ela é repentina. De repente ela não está ali, e de repente ela está. Ai! E vem com toda a força. A tempestade pode ser bem destruidora. Ela carrega tudo que encontra pela frente, acaba com tudo que consegue pegar. Até os nossos maiores medos,  e fragilidades são levados. Tudo que não está firmado na Rocha ela leva, seja no alto mar ou na terra, Jesus sempre será nosso refúgio  e abrigo quando a tempestade chegar. Ela é avassaladora! Mas também uma das suas características é a de fazer emergir de nós a força, a coragem, a fé.  Sabe, o que temos de melhor vem à tona e se consolida.  O que está ao nosso redor, ou se solidifica ou se vai. É a hora da prova, do “vamos ver”.

Uma outra característica da tempestade é que ela é passageira. Assim como ela vem, ela vai, ela passa. Depois de cumprir seu objetivo ela se acalma. 
Ao meditar nesse texto vejo dois objetivos principais na tempestade: o de emergir o melhor e o pior de nós,  a nossa força e a nossa fraqueza. O que acho interessante é que o que não está forte o suficiente se vai, o que é ruim e frágil também não consegue suportar a tempestade, vai embora mesmo. Devido ao seu caráter repentino exige que sejamos hábeis, rápidos, perspicazes e que usemos nossos melhores recursos. Não dá para ficar relutando com o que é ruim e ineficaz, a tempestade requer de nós uma atitude positiva, de fé. O que vai restar de uma tempestade é quem nós somos efetivamente, e o que temos em Cristo. Podemos ser levados pela tempestade, ou podemos resistir firmes em Cristo e ver renascer um novo dia, um nova fé (mais robusta).Podemos recomeçar sobre novas bases e fazer uma fundação sólida sobre a Rocha (Jesus Cristo) e sobre esta, pode vir a tempestade que for, ela continuará firme e só se consolidará cada vez mais.

Mas finalmente, a tempestade passa, a bonança chega, tudo entra em equilíbrio. Começa então a reconstrução. É a hora de vermos os estragos, o que restou e tomarmos fôlego, unirmos forças e continuarmos o percurso. Os discípulos depois da bonança não ficaram ali parados. Devem ter descansado, mas em seguida continuaram a remar. Retomaram o percurso da viagem. Depois que a tempestade passa é hora da solidariedade, da unidade, e de compartilharmos a experiência comnos que passaram pelas mesmas coisas. É hora de Juntarmos o que sobrou de cada um e somarmos para fazer algo sólido, verdadeiro e duradouro para chegarmos ao destino traçado pelo Senhor.

Voltando ao texto, vemos que os discípulos foram salvos da tempestade. Jesus ordenou que a tempestade cessasse e ela cessou. Jesus estava pertinho deles, como está pertinho de nós, podemos confiar que Ele nos livrará. Se isso não acontecer, porém, Ele estará conosco. Isso me faz lembrar aquele texto de Paulo “Porque se vivemos para o Senhor vivemos; se morremos com o Senhor morremos. Quer, pois, vivamos ou morramos, somos do Senhor( Rm. 14.8)”.

Entendo que Jesus ao entrar naquele barco com seus discípulos, ele tinha algo em mente. Em Lucas 8.22, diz que ele pretendia ir à outra margem do lago. Existia um destino, um alvo - chegar ao outro lado do lago. A tempestade não os tirou do destino, depois que Jesus repreendeu à tempestade, ela passou. Veio à bonança! Puderam prosseguir seu curso normal para chegar do outro lado do lago.

A tempestade não vem para nos tirar do destino estabelecido por Deus. Ela vem no meio do caminho para provar a nossa fé. Ela vem para nos preparar e nos fazer aptos para cumprirmos o propósito de Deus. A tempestade pode  fazer parte do trajeto até a outra margem, isso pode estar nos planos de Deus para nos aperfeiçoar como discípulos.

“Com Cristo no barco tudo vai muito bem...” já dizia, um cântico infantil do meu tempo. É isso mesmo, se Jesus está comigo, com você, então, vai ficar tudo bem. Nós chegaremos lá no destino traçado pelo Senhor, porque lá na outra margem há vidas sedentas de Jesus, de libertação, de cura, de esperança, de alegria, de paz e de amor. Eles estão aguardando do outro lado que cheguemos com o Mestre. Eles estão ansiando por serem tocados pelo Senhor. Jesus também está ansiando chegar lá  para resgatá-los.

Por fim, vale muito à pena entrar no barco com Jesus. Só devemos verificar se Jesus está conosco nele. Não entremos se Jesus não estiver conosco, porque se ele não estiver quando vir a tempestade seremos destruídos. Essa viagem é para ser feita com Ele e por causa dEle. Deus é muito Bom! Tão bom que nos enviou seu único Filho para nos salvar, o glória! Os discípulos experimentaram da restauração de suas vidas. E você, meu irmão, será que mesmo que tenha que passar por tempestades, vai escolher entrar no barco com Jesus? Encorajo você, amado leitor, a entrar sim, pois uma vida com Cristo não poderá se comparar nem de longe com a melhor ou maior experiência que você já viveu, pois  só com Ele vocé terá a garantia da sua salvação.

Oração: Senhor acalma o coração aflito e ansioso neste momento. Acalma, oh Pai, as tempestades que os teus filhos, teus servos e todos os que creem em ti estão passando nestes dias. Que a timidez não seja empecilho para crer em Ti. Quebre o orgulho, que ele não seja obstáculo para buscarem a tua ajuda. Acalma, Senhor as tempestades internas e silenciosas que estão se formando. Traz o teu socorro, Senhor, pois confiamos em Ti. Não deixe o o barco dos teus filhos afundarem pela pouca fé. Amém?

Que essa palavra edifique seu coração e fortaleça sua fé em Cristo. Ela me edificou muito.

Escrita por Ara Brandes em: 30.07.08

Leia também: Tempestade vencida em: http://arabrandes-restaurando.blogspot.com/2011/10/mais-uma-tempestade-oh-provai-e-vede.html