3.12.11

Terapia no poço

Bem meus queridos, o texto base para esta reflexão é o de João 4 (coloquei parte do texto no final, e sugiro que leiam). João capítulo 4 fala sobre a história tão conhecida da mulher Samaritana. E meu foco nesta postagem não é meramente espiritual, Teológico, embora seja rico para todos estes olhares. Neste post, contudo, desejo compartilhar um pouco do aspecto psicológico que encontro neste texto e que penso ser, de igual modo, relevante.

"E era-lhe necessário passar por Samaria. Foi, pois, a uma cidade de Samaria, chamada Sicar, junto da herdade que Jacó tinha dado a seu filho José. E estava ali a poço de Jacó. Jesus, pois, cansado do caminho, assentou-se assim junto da fonte. Era isto quase à hora sexta. Veio uma mulher de Samaria tirar água. Disse-lhe Jesus: Dá-me de beber. Porque os seus discípulos tinham ido à cidade comprar comida". João 4.4-8

Jesus escolheu um lugar muito interessante para ser seu setting terapêutico, um poço. Jesus montava seu consultório de acordo com a necessidade que vinha da direção do Pai.
 O consultório de Jesus era móvel, não tinha um endereço fixo, porque o endereço era Ele mesmo.  Por onde Ele passava buscava servir a sociedade, mesmo que isto estivesse fora do seu percurso, do seu "planejamento", Ele ia aonde havia fome, aonde havia sede, aonde havia falta, aonde Deus, o Pai, o instruía e apontava. 
Na história em questão, o setting terapêutico de Jesus foi um poço, o poço de Jacó. Ali ele encontrou uma mulher com uma demanda, uma sede e um poço. Lá foi o ponto de encontro do Psicólogo e a paciente, a samaritana. Ambos estavam com sede. Jesus tinha sede física, a mulher sede de Deus. Jesus entra em “contato” com àquela mulher  e algo extraordinário acontece, uma cura capaz de atravessar o poço que estava na alma daquela mulher e alcançar uma cidade! 
O texto diz que: “era lhe necessário passar ali em Samaria”. Jesus fez um desvio da sua rota para se encontrar com a mulher Samaritana. Aquela mulher estava há muito buscando preencher o vazio da alma. Vemos no texto de João 4 que ela buscou no primeiro marido, no segundo marido, no terceiro, no quarto, no quinto e estava buscando no sexto (que não era seu marido) ser saciada e nada! Então, algo maravilhoso acontece, Jesus instala seu consultório no poço onde ela buscava água. Era um poço conhecido, o poço de Jacó, o poço das tradições. O povo daquela região bebia dele, era costume, tradição. O que Jesus faz em seguida merece nossa atenção, pois Jesus não impôs sua presença, mas começa sua terapia entrando no contexto daquela mulher, na sua realidade e necessidade. Ele mostra primeiro que tem sede, para depois apontar a sede dela. Jesus valoriza suas falas, a qualifica, importa-se, interessa-se por ela, por suas indagações, queixas, por sua sede, e é então, que ele toca o coração dela. Ele não a acusa, mas como todo Psicólogo (Ele o maior de todos, claro), utiliza-se de um instrumento fundamental para a Psicoterapia: a verdade. Sem a verdade não há material para se fundamentar um bom trabalho terapêutico. 
Jesus já tendo estabelecido um vínculo, tendo adentrado no mundo daquela mulher, como lemos no texto de João 4.15 "Disse-lhe a mulher: Senhor, dá-me dessa água, para que não mais tenha sede, e não venha aqui tirá-la", Jesus, baseado na demanda que ela trouxe, na necessidade evidente dela, Ele vai mais fundo e a confronta, Ele busca a verdade por trás de seu sintoma e é como se dissesse: você quer esta água, então, é imprescindível que descubra primeiro a causa da sua sede, portanto: vai e chama teu marido. Ele sentiu que podia ir, que ela desejava algo muito mais profundo, a cura da alma, do espírito. Ele não fez isso para envergonhá-la, o Senhor nunca deseja nos envergonhar, nem nos acusar; nossas mazelas é que nos causam vergonha. Ela tinha uma compulsão, repetia os mesmos comportamentos porque não conhecia seu vazio. Na história da samaritana a compulsão eram os "amores", os homens. Poderia ter sido outro tipo de compulsão, a comida, roupas, consumo, trabalho, conhecimento, mas o dela era ter alguém, bom ou não, isso parecia não importar.
Quando temos vazios procuramos preenchê-los de alguma forma. No caso da mulher samaritana poderíamos pensar em alguns possíveis diagnósticos, como uma bipolaridade (transtorno de humor), mas os dados não são muitos, então, o que nos importa saber é que ela tinha uma sede, uma insaciedade em sua alma e que portanto, precisava descobrir, entrar em contato com sua dor emocional, suas feridas... para ser curada.
Jesus, com toda a sua sabedoria, chega  na verdade ao lhe dar uma ordem: vai e chama teu marido. - ao ela responde:: não tenho marido. - Ele diz: é você falou corretamente, você já teve cinco; e o homem com vive agora, não é seu marido. O que você acabou de dizer é verdade (João 4.17-18).
Quando a Samaritana é confrontada por Jesus, aquilo que lhe era inconsciente vem à tona, ela entra em contato com o seu vazio, percebe seu problema e revela sua verdade abrindo seu coração. Algo  se rompe dentro dela! A mordaça  que há tempo lhe aprisionava é arrancada, o segredo que lhe pesava vem à luz, e sua alma experimenta de uma alegria, creio, indescritível. Sabe por quê? Porque ela teve coragem de confessar, e enfrentar seu medo do julgamento. Ela diz: - Senhor: não tenho marido. Disse-lhe Jesus: Disseste bem: Não tenho marido; Porque tiveste cinco maridos, e o que agora tens não é teu marido; isto disseste com verdade. João 4:17-18

Amados se há algo que é primordial numa Psicoterapia, é o discurso, a fala do paciente; o tirar de dentro, o contato com a dor. Sem esse confronto, toda a conversa poderia ter sido ótima, mas sem um resultado curativo. Esse enfrentamento foi necessário para que ela olhasse para si, tivesse contato com a sua busca, sua carência, com a sua falta e assim encontrasse o que procurava. Antes desse encontro ela nem sabia o que de fato procurava, não é? Jesus a ajudou nesse processo de autoconhecimento e também foi suporte para que ela pudesse se encontrar e encontrar o sentido de sua existência. Ela se encontrou ao encontrar-se com Jesus.
Jesus entrou na sua realidade, ele a valorizou, ele a qualificou, ele a ouviu, ele a escutou e por tudo isso, Ele chegou onde precisava chegar, no coração dela. Ela desejou ser curada, ela abriu seu coração, identificou seu vazio, teve suporte emocional e espiritual. Ah,  e o Psicólogo mais conhecido de toda a terra, dono de um currículo "invejável", com experiências de contato notórias pôde fazer o seu trabalho com excelência, e ela saiu daquele poço como uma nova mulher. 
Ali naquele "poço", naquele lugar costumeiro de saciedade, Ela expôs não apenas seus problemas, mas também sua ideologia, suas crenças, sua auto imagem, sua coragem, sim, pois a Samaritana foi muito corajosa ao abrir seu coração. Ao fazê-lo descobriu sua força, beleza, e a sua real identidade. Estava tudo dentro dela, mas não tinha saído porque estava bloqueado, ela precisava de ajuda para abrir seu coração. A nova Samaritana por fim, aparece. Ela deixou o seu cântaro e contou aos outros o que lhe acontecera. Se antes tinha sido alvo de preconceitos, agora ela encontrou sua força emocional, física e principalmente, espiritual. 

Não tinha mais máscaras, vergonha, e  pasmem: agora ela é ouvida. Por quem? Pelos homens, que até então possivelmente não lhe davam crédito algum, mas depois do encontro com Jesus eles a ouviram, essa questão com os homens fora resolvida, ela podia encará-los), glória a Deus! Toda uma cidade foi influenciada por sua experiência, ela teve uma experiência modificadora em sua sua terapia no poço e é o que ela conta no texto: Deixou, pois, a mulher o seu cântaro, e foi à cidade, e disse àqueles homens: Vinde, vede um homem que me disse tudo quanto tenho feito. Porventura não é este o Cristo? João 4:28-29 

Bem meus amados, eu acredito que o poço pode ser um ótimo lugar para uma terapia. O poço do texto fala de uma sede, de um ponto de encontro entre o Psicólogo Jesus e a Mulher Samaritana. Foi lá que ela abriu seu coração, foi lá que ela enfrentou sua sede real, foi lá que ela foi curada. A terapia funciona no lugar da necessidade real. 

Amados, Jesus preencheu todo o vazio do coração daquela mulher, tanto emocional, como espiritual e sabe, Ele pode preencher o seu também, mas para isso é preciso que você encare sua sede, seu poço e busque a sua saúde. Ela estava buscando, e o Senhor a achou. Sabemos que Deus vê o coração e Palavra diz: buscar-me-eis e me achareis quando me buscares de todo o vosso coração. Podemos depreender que Jesus viu essa busca, ele viu seu coração. Foram muitos anos bebendo de águas que não lhe saciavam, mas finalmente, ela bebeu da Água da vida, ela se permitiu beber e viver uma outra realidade que descobriu junto com Jesus.
E você? De que fonte tem bebido até hoje?
Jesus pode ter um encontro, com você, hoje, ou no poço, ou no seu quarto, ou por meio de alguém que ele deseje usar para lhe ajudar e com quem você pode ter uma terapia intensiva, eficiente, e curativa. E mais, você pode ser curado no seu espírito, Jesus sempre vai além. Não canse de buscar! O Senhor está perto e Ele pode fazer um “desvio necessário” só para se encontrar com você. Você quer?
Leiam o texto de preferência todo o capítulo.
Jesus, pois, cansado do caminho, assentou-se assim junto da fonte. Era isto quase à hora sexta. Veio uma mulher de Samaria tirar água. Disse-lhe Jesus: Dá-me de beber. Porque os seus discípulos tinham ido à cidade comprar comida. Disse-lhe, pois, a mulher samaritana: Como, sendo tu judeu, me pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana? (porque os judeus não se comunicam com os samaritanos). Jesus respondeu, e disse-lhe: Se tu conheceras o dom de Deus, e quem é o que te diz: Dá-me de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva. Disse-lhe a mulher: Senhor, tu não tens com que a tirar, e o poço é fundo; onde, pois, tens a água viva? És tu maior do que o nosso pai Jacó, que nos deu o poço, bebendo ele próprio dele, e os seus filhos, e o seu gado? Jesus respondeu, e disse-lhe: Qualquer que beber desta água tornará a ter sede; Mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que salte para a vida eterna. Disse-lhe a mulher: Senhor, dá-me dessa água, para que não mais tenha sede, e não venha aqui tirá-la.  João 4:6-15.

3 comentários:

  1. Parabéns amiga!!!!!!!!!!!!FEliz aniversário!!!!!!Te amo!!!! Beijooooooooooooosss!!!

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  2. Muito Linda a sua explanação (mais uma né?)desse texto!! Nosso Jesus é maravilhoso. Ele é psicólogo, é socorro, é consolo , é alívio, é tudo!!

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  3. Irmã, que tremendo, essa palavra é mto rica. Vejo na mulher samaritana uma busca semelhante a do filho pródigo, identidade, essa os dois só encontraram em DEUS. Creio que o Senhor quer falar alguma coisa. Só nos encontraremos nele porque dele somos. Eu tô até agora ruminando, + tarde compartilho +. Bjs

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