18.10.11

E não vos conformeis...

Somos como o mundo, ou o mundo é como somos? Qual o seu formato? 
Que impacto você causa no mundo? O mundo muda, mesmo que por atmos de segundos, quando você chega, quando você faz, quando você fala, quando ora, quando canta? 

E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”. Romanos 12.2

Algumas perguntas se fazem necessárias para melhor compreensão desse texto:
1º- O que significa: não vos conformeis
Literalmente poderíamos dizer que é não tomar a forma, não se amoldar ao sistema – mundo.
Quando Paulo escreve isso a igreja em Roma, sua preocupação está voltada para o envolvimento do corpo de Cristo nas práticas e pensamentos mundanos e até nas práticas pagãs comuns entre os romanos, práticas essas que já estavam se infiltrando na igreja. Esta carta foi dirigida aos cristãos que lá viviam. Assim sendo é perfeitamente aplicável para nós, igreja de Deus.
Na análise desse texto percebo um padrão deixado para a igreja e também para cada um de nós em particular. O apóstolo Paulo nos aponta um processo importante a ser percorrido para conhecermos a vontade de Deus e vivermos no padrão do Reino de Deus :
 1º- O não vos conformeis; 2º Transformai-vos; 3º Renovação a mente.
O não conformar  é o não adotar o que a sociedade, “o mundo” dita, Segundo a Bíblia o mundo está cheio da “...concupiscência da carne, da concupiscência dos olhos e da soberba da vida, e isso não procede do Pai, mas do mundo”  (I Jo 2.15). 
Valores, moda, filosofia de vida, crenças, tradições, e até leis, que sejam contrárias a Palavra, não devem fazer parte da nossa maneira de viver. O mundo vai passar e suas concupiscências também, mas a palavra do Senhor permanecerá para sempre. Por isso, diante de mim e de nós está esse chamado de vivermos uma nova vida, uma nova era em Cristo, e esta, se contrapõe diretamente a outra – mundo. Não podemos nos moldar, ou nos conformar com este mundo para vivermos “melhor”, vivermos o cristianismo “light”, sem compromisso com Deus, igreja, família, sociedade; um cristianismo sem perseguições, sem cobranças, mas também sem frutos.
Amados a palavra é clara: (...) "não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus” (Tiago 4.4). Não sejamos românticos, a vida cristã não é nada fácil, assim como também não é largo o caminho dos que serão salvos. Temos que nos posicionar em relação ao nosso papel no mundo, qual seja trazer a luz, salgar, perder a "vida" pra ganhá-la e fazer diferença para melhor, claro.
 Em todo o tempo tendemos a tomar a forma da sociedade, começamos pelos grupos em que estamos inseridos, escola, faculdade, trabalho, roda de amigos, até igrejas! E quando vemos, já fomos  pegos pelo sistema, ele lentamente nos envolve e nos seduz. Acabamos por nos impregnar pelas  “leis” do bom viver, da busca da felicidade., a busca da satisfação do eu, da privacidade, dos bens, dos títulos, da busca de elementos externos para um viver “sadio”.
Tudo pode ser explicado pelas exigências da pós-modernidade, “temos que nos aculturar. Pergunto: até que ponto? A Bíblia é ou não é a nossa regra de fé e prática? Onde está a busca da bondade, da verdade, da paz, da harmonia? Pelo o que estamos correndo? Pelo que você está correndo? Será que nossa correria é pelo que se pode ter, e não pelo o que se pode ser? E o tomar a cruz para seguir? E o perder a vida para ganhá-la? Deus tem sim vida abundante para nós, mas essa vida abundante prometida, creio eu , trata de valores mais profundos, menos estéticos e nada superficiais, mas sim voltados  para a eternidade, para o amor, para o necessitado, para pregação do evangelho, para a paz.
Amados, o externo nunca vai satisfazer o interno. Deus é o único que pode preencher o vazio dos nossos corações, contudo, para isso o nosso “eu” precisa ser destronado, não pode haver dois reis em um mesmo reino. Se olharmos ao nosso redor, como nos vestimos, o que comemos, o que desejamos, projetos, padrão de relacionamentos, veremos que este tem se voltado para o que a mídia, (grande propagadora do mundo) dita. Adquira isso (um novo celular que faz isso ou aquilo)! Pergunto: e o outro? Aquele que você tem que ainda está inteiro, não é suficiente? Estudem! Estudem! Trabalhem! Trabalhem! Consumam, consumam, não é isso? Preencham-se! Preencham-se!E nada fica preenchido e pior, o bolso também fica vazio, pois isso apenas alivia momentaneamente. E assim... são: carros diferentes, roupas, móveis, conhecimento, tudo está voltado para o ter, o consumir, há uma pressão para que você consuma mais do que você precisa. Para quê tudo isso? Tudo isso tem sua importância em algum grau, mas não deve jamais ser o foco de nossas vidas. Tudo isso passa!
Há uma pressão constante para aqueles que pensam diferente, andam na contracultura  do mundo, seguem a fé em Cristo, não se conformam a este século, mas que escolheram viver sob a égide do reino de Deus, por isso nos tornamos alvos do preconceito, somos tachados de loucos, fanáticos, desinformados, alienados, retrógrados etc.
Tudo isso faz parte, porém, da nossa escolha por Cristo.Tocando em outro ponto dessa não conformação, a moda. Quando penso em moda, penso que podemos estar interagindo com o ambiente em que vivemos, mas sempre buscando o crivo, a opinião do nosso estilista “Espírito Santo”,o que ele diz de nossas escolhas. Não precisamos ser cafonas, Jesus se vestia como os de sua época, mas tudo que Ele fazia era para glorificar o nome do Senhor. Se a nossa moda estiver glorificando o Senhor, então está tudo bem. Mas até isso tem na Bíblia: “olhem os lírios do campo” – simplicidade, "nem Salomão em toda a sua glória se vestiu como um deles", mostra que o valor está no simples, em não ostentarmos, mas glorificarmos quem nos vestiu. A beleza do filho de Deus está em se alegrar no Senhor (o coração alegre aformoseia o rosto - Pv. 15.13) Temos que ser coerentes, como disse antes, não precisamos ser antiquados, chatos, mas buscarmos ter um padrão que corresponda com o novo reino. Será que temos que nos preocupar com luxos, ou em acompanhar todas as inovações que o mundo oferece? Será que Jesus, João Batista, Paulo, Pedro, será que eles se preocupavam tanto com isso? Quanto tempo eles gastavam nisso? O cuidado e o zelo não deve se torna um deus para nós. 
Amados, o nosso padrão de consumo também está na Bíblia: missões, ajuda aos necessitados (órfão e viúvas), aos domésticos da fé, ao próximo, e com nossas necessidades reais etc. Até mesmo o tipo de relacionamento que devemos ter com vizinhos, pais, irmãos, próximo, autoridades, igreja, sociedade, está escrito na palavra (Rom.12.10; 13.1-7; Tito 2.1-10). Mas o que ocorre é que muitas vezes temos vivido os relacionamentos baseados neste "século", temos nos projetado nos relacionamentos vistos em filmes, seriados, jogos, novelas... Contudo esse padrão entra em choque com a Palavra. As paixões platônicas, amores interesseiros, descartáveis, de vida curta e famílias desestruturadas, amizades superficiais, virtuais, ... por quê? Como seguir esse molde se o referencial que estes têm de amor, de vida é deturpado, é fundamentado no amor “Eros”? Esse tipo de amor, embora tenha seu valor não é um amor capaz de renunciar, de sacrificar, de se comprometer, mas apenas de sentir! 
O que passa em nossas televisões está mais relacionado a ele, ao prazer por prazer. A mensagem de que o eu tem que ser satisfeito. Então se alguém se casa e não se senti feliz, dois meses depois ela desisti, e a solução mais provável é o divórcio. Cada caso, um caso, claro. Para alguns essa é realmente a única alternativa, mas temos visto que a separação também já tem entrado em nossos lares e começam com  os discursos modistas, de uma mentalidade formatada pelo “mundo”: vamos partir para outra, investir em outro para não perder tempo. Amados, casamento é aliança, é compromisso, é investimento a longo prazo. Mas infelizmente isso tem se incorporado em nosso meio, sim. Não sei nem se sutilmente, acho que já é bem evidente. No caso dos filhos percebemos discursos do tipo: se não podem ser o que quiserem ser, fazer o querem, vão adoecer, vão se rebelar... Aí a manipulação toma de conta, os papéis se invertem, os filhos mandam, os pais obedecem. O caos se instala.
Amados, como quem tem buscado, tentado, tão somente, viver o que crer, insisto: vamos recorrer a Palavra, pagar o preço do que acreditamos, não flexiblilizar no que não é flexibilizável. Muitas vezes não temos dado conta de dizer “não”, de dar os limites, e de gastar tempo amando, cuidando, brincando, conhecendo, ensinando a Palavra para os nossos, ouvindo e isso precisa ser mudado. Precisamos mudar nosso pequeno mundinho, família, para tentar alvos maiores e o amor é o gerador dessas mudanças. Vamos separar a fantasia da vida real, da vida cristã. O que você pode fazer hoje? O que você já aprendeu semana passada, ontem, hoje com o Senhor, você já está aplicando? E o que você aprendeu com "o século" ontem, hoje, você já está aplicando?As vezes é o mais fácil, contudo é o mais penoso! Não quero ser dura, apenas lhe alertar quanto "conformação" com este mundo. Se estamos no mesmo caminho, sei que vocês me compreendem. Amém?
Paulo nos deixa este recado: “Não vos conformeis com este mundo”...

Ara Brandes, escrito em 2004, última revisão em 18.10.2011
Leia também Metamorfose e Vontade de Deus
http://arabrandes-restaurando.blogspot.com/2011/10/vontade-de-deus.html

Na próxima, continuação do texto - parte 2 "mas transformai-vos pela renovação da vossa mente"...

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