5.3.12

Ainda bem que existe restauração!


Tenho percebido que restauração é assunto temido e carregado de preconceito. Por um lado estão os que tem consciência dessa necessidade, mas não a assumem, pois temem compartilhar suas fraquezas, processos e superações. Por outro, tem também aqueles que acreditam que restauração é para fracos, e doentes e de forma alguma admitiriam precisar disso, mesmo que feridos, alienam-se. E claro, tem os que fazem bom uso de suas superações e conseguem transmitir com autenticidade sua caminhada de restauração.
Bem este post é para desconstruir um pouco essa imagem negativa da restauração. Restauração significa que como pessoas, como gente, podemos ser feridos, quebrados simplesmente por estarmos em relação, movimento, simplesmente por estarmos vivos.
Restauração não é para fracos e doentes, mas para pessoas, como eu e você. Não há vergonha nisso, pelo contrário, há honra, pois uma vez no processo nos tornamos mais sensíveis aos outros e isso nos forja, nos torna mais humanos e mais verdadeiros na vida. Olha o que Jesus diz neste texto de Mc 2.17: "ouvindo isso, Jesus lhes disse: não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes"...
Negarmos nossas necessidades e mágoas não nos fará melhores, nem mesmo nos tornará inabaláveis, por isso devemos a cada dia buscar a verdade sobre quem somos, como estamos, o que temos e o que podemos fazer para estarmos mais inteiros na vida. Sabemos que a negação é um mecanismo de defesa, e claro que ela tem sua função e sua utilidade para nos proteger, até certo ponto, mas como toda defesa tem hora que disfuncionaliza.
Recentemente me aconteceu um episódio que me fez pensar mais uma vez sobre esse assunto que me toca tanto, restauração.
Bem, estava dirigindo meu "novo" carrinho ( na época), num lindo sábado de sol, indo para o trabalho, toda feliz... e de repente, inesperadamente, um outro carro me fechou! Ele cruzou à minha frente, bateu no meu carro e seguiu seu caminho como se nada tivesse acontecido. Resultado: o carro amassou na lateral e o sr. motorista além de ter feito algo errado, fugiu, saiu correndo... me deixou ali. O dano foi apenas estético, mas o carro não estava mais intacto como antes, estava machucado! Nada me aconteceu, graças  a Deus, mas fiquei chocada com a atitude do indivíduo e fui trabalhar pensando no acontecido.
Amados essa experiência me ensinou que podemos ser magoados, assim, inesperadamente! Alguém pode nos ferir, fugir e nos deixar com os estragos e com os piores sentimentos a respeito do humano, no entanto, apesar de todas as razões,  parar na raiva, e na dor, não é uma opção sábia. Sim, devemos enfrentar e lidar com a necessidade aparente, e a partir dela, analisar o estrago, e as condições para começar a restauração, pois as coisas não se resolvem do nada é preciso consertar mesmo, ou melhor ainda, entregar para Àquele que conserta tudo, para Àquele que "faz novas todas as coisas", glória a Deus! Ainda bem que para o Senhor tudo pode ser restaurado, tudo pode ser feito novamente.  Ainda bem que existe restauração! Ainda bem que há meios de buscarmos cura para a nossa alma.
O que nos fere e nos machuca também pode acontecer dessa forma, de repente. De repente está tudo bem e de repente não está mais, pois a vida tem uma dinâmica própria e viver é mesmo arriscado, mas jamais podemos nos deixar paralisar por isso. Às vezes, tão somente por estarmos na estrada da vida somos afligidos. Eu continuei meu percurso até o trabalho, mas não perdi o foco do que tinha me acontecido e da necessidade de consertar o estrago feito no carro. O meu carro ainda está amassadinho, mas está funcionando, seu dano foi apenas estético, contudo se não mandar consertá-lo, se eu deixar para lá terei que lidar com outros problemas também: desvalorização do produto, com possíveis desconfortos cada vez que for sair com ele; com a raiva do indivíduo que causou tudo isso (calma gente, já o perdoei, mas tive meu momento de “irai-vos]1...mas não, ), enfim, preciso enfrentar esse novo problema.
Queridos, em nossas vidas também sofremos vários tipos de ferimentos, alguns mais profundos que chegam afetar o nosso funcionamento saudável, outros, mais leves, que nos permiti até ignorar, entretanto, podemos estar certos de que machucados precisam de cuidados, de reparos, de consertos, caso contrário continuarão “amassados”. Se não consertarmos aquilo que quebrou, que machucou, àquela marca de machucado vai permanecer e todos continuarão a perguntar: - mas o que aconteceu com você? 
Agora pergunto a vocês: não é assim também em nossas vidas, quando não estamos bem? As pessoas vêem o nosso estado e inevitavelmente perguntam: mas o que aconteceu? 
É bem normal esperarmos essa reação das pessoas, não é? Gente se preocupa com gente.
Negarmos nossa necessidade de restauração é adiarmos cada vez mais a nossa saúde integralmente e de certa forma é também negarmos a realidade que nos cerca; é ignorarmos uma característica essencial do ser humano -  sensibilidade-. Tudo o que nos afeta de alguma forma faz parte do que nos constitui como pessoas, por isso não vamos desqualificar os pequenos machucados.
Sugiro que peçam ao E. santo que os mostre onde estão suas feridas, e ouçam o que Ele tem a lhes dizer, pois como nos diz a Palavra devemos "amar ao nosso próximo como a nós mesmos", primeiro passa por nós, para depois chegarmos no amor ao outro.  Eu lembro que relutei por uns segundos em olhar o amassado do meu carro, pois eu tinha certeza que tinha amassado, e eu não queria ver, realmente não queria lidar com aquilo naquela hora, mas precisava.
Amado (a) reconheça-se como gente, porque você o é, saia do lugar de super herói e de heroína, de “forte”... há momentos sim que precisamos dessas qualidades, mas há momentos que elas já não nos cabem mais e aí precisamos abrir mão desses lugares, dos títulos, das máscaras para desfrutarmos do cuidado, do amparo e do amor do outro e nos abrirmos para a restauração que o Senhor está sempre nos oferecendo, pois Ele veio para isso, a primeira coisa que o Senhor restaurou foi a nossa comunhão com o Pai porque sabia que precisávamos disso.
O senhor é a nossa torre forte, nosso baluarte, é a Rocha em que firmamos nossos pés.
No amor de Cristo, Ara Brandes

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