1.12.15

Pai!


Amados, dei uma sumida do blog, mas estou de volta, pois desse lugar desejo abençoar a sua vida, e trazer quem sabe alguma palavra de fé, de ânimo, de esperança.

Hoje a tarde me deparei com uma cena bem inspiradora, cena essa que me levou a escrever para vocês hoje.
Yuri, meu filho, para quem não conhece, é especial, tem alguns comprometimentos, inclusive da fala, mas no mais é como um filho normal, que ama o pai, admira-o e o conhece. Hoje, assim que o pai dele (Júlio) chegou em casa, ele não o deixou sossegar, insistindo de todas as formas para que o pai saísse com ele, contudo, não estava tendo muito êxito em sua performance. Estávamos na cozinha, e o pai dele disse: vamos para sala para ver se ele esquece um pouco. Bem, fomos para sala, e lá foi o Yuri, logo em seguida. De mansinho, sentou-se ao meu lado, o pai sentou-se do outro lado do sofá, e e Yuri ficou ali, como que sondando o espaço com pai dele, mas de longe. Conversamos e conversamos, atualizando o dia, e aí o pai virou para ele e sorriu, conversando com ele... só bastou isso, era o sinal que o Yuri esperava para continuar sua empreitada, desceu imediatamente do sofá e foi para o lado do pai rindo, e puxando a mão dele, o pai percebeu, e admirado com a tentativa de persuasão, elogiou-o, mas disse que não sairia, que tinha que esperar mais um pouco. Do riso, Yuri foi às lágrimas em atmos de segundos. Vendo que o pai não estava cedendo começou a chorar do nada, e logo após desatou num riso, tentando de tudo para conseguir chamar a atenção do pai para a sua necessidade de sair. O pai finalmente se convenceu que era importante, e mudou os planos, antecipou a saída aplaudindo o seu esforço. Yuri chegou a respirar aliviado, como que dizendo valeu à pena persistir, pai!!!
Isso me fez pensar em como somos como filhos de Deus. Yuri conhece seu pai, sabe como abordá-lo, mesmo levando broncas às vezes, ele não desiste, ele sabe que o pai o ama e que conhece suas necessidades e que uma hora vai lhe responder. Que segurança, não é?
Quando lemos os evangelhos vemos uma estreita relação de Jesus com o Pai. Em tudo o que fazia, Jesus consultava o seu Pai, do início do seu ministério, quando ensina os discípulos como deviam orar, ao Getsêmani quando descreve o estado da sua alma ao Pai, até o Gólgota quando entrega o seu espírito a Deus. Jesus nos ensina algo tão precioso, viver na dependência do Pai. Ele era totalmente dependente do Pai. Em todos os momentos de sua jornada, Jesus separava tempo para falar com o Pai. Nas vigílias, nas orações, no jardim, nos montes, na tempestade, na realização de milagres, no ministério. E é interessante que vemos o inimigo sempre investindo em semear dúvidas no coração de Jesus. Vemos isso lá na tentação do deserto, MT 4.3 quando ele diz: "se és Filho de Deus manda que estas pedras se transformem em pães", esse episódio acontece logos depois do batismo de Jesus, relatado em MT 3.17 quando o Pai o confirma dizendo audivelmente para todos ouvirem:"Esse é o meu filho amado em quem me comprazo", vejo como foi essencial essa afirmação do Pai, essa legitimação de filho, para que Ele vencesse o ataque da tentação no deserto. Vemos, também, lá no Gólgota, quando  Jesus insultado pelos escribas, sacerdotes, e anciãos que escarneciam dizendo " salvou os outros, a si mesmo não pode salvar-se. É Rei de Israel, desça da cruz, e creremos nele. Confiou em Deus pois que venha livrá-lo agora, se, de fato, lhe quer bem; porque disse: Sou Filho de Deus, e os mesmos impropérios lhe diziam também os ladrões que haviam sido crucificados" (MT 27.42-44), quanto ataque na paternidade de Deus, e na identidade de Filho.
Ao ler esse texto sinto que uma das grandes tentativas do diabo sempre foi questionar a bondade de Deus, do Pai, de colocar em cheque a natureza do amor de Deus e infligir um sentimento de abandono no coração de Jesus, talvez com intuito de gerar nele um "espírito de orfandade". E sabemos que a orfandade pode trazer diversos problemas como: rebelião, ira, orgulho, concupiscência, delinquência, confusão de identidade, baixa auto estima, rancor, independência de Deus, morte. E como estamos falando de Jesus, entendo que o resultado desse ataque, se bem sucedido, seria Jesus fora da cruz, longe da sua missão de nos salvar. O que o inimigo queria era instigar Jesus a pensar e julgar: que Pai é esse que não me salva? Que Pai é esse que me deixa num sofrimento injusto? Que Pai é esse que tendo todo o poder me deixará morrer de forma tão cruel? Mas Jesus conhecia o Pai, e o desejo do Pai era o desejo dele também. Na oração sacerdotal vemos isso: Jo 17.1-3, "Pai, é chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que o filho te glorifique a Ti, assim, como lhe conferiste autoridade sobre toda a carne, a fim de que ele conceda a vida eterna a todos os que lhe deste. e a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus, verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste".
Sabe nosso Pai eterno é bom em toda e qualquer circunstância, fazendo ou não o que queremos, Ele continua sendo bom, pois sua natureza não é mensurada pelo o nosso bem estar, mas por quem Ele é. Jesus veio com uma missão, e ir  para a cruz não era o fim de Jesus, mas sim o reinício de tudo, e o começo para nós, pois depois da cruz tinha a ressurreição, a vida. O Pai não queria ver seu filho sofrer, mas era necessário que isso acontecesse, por mais dolorido que fosse. Assim como corta o nosso coração tal sofrimento, muito mais deve ter cortado o coração do Pai, mas Ele aguentou não livrá-lo da cruz (estão entendendo?), porque tinha uma humanidade toda para salvar. Esse aguentar foi por amor. Vou ilustrar de uma forma bem simples, mas concreta, claro que o sofrimento de Jesus não  dá para ser comparado. Mas pense comigo: será que você como pai gosta de ver seu filho sofrer ao tirar uma nota baixa na escola, mesmo depois de ter estudado? Ou você gosta de vê-lo sofrer ao tomar uma injeção porque está doente? Ou vê-lo triste, sofrendo, porque um coleguinha lhe bateu, e brigaram? Ou vê-lo chorando ao chegar à escola no seu primeiro dia de aula?
Você deixou de amá-lo, e de ser bom porque não o livrou dessas pequenas dores? E porque não o livrou? Digo: porque o ama, e amar é dar conta de sofrer junto, para que ele alcance o seu destino, sua plenitude, e você quer vê-lo crescer e viver tudo que tem para viver. Você pode livrá-lo da escola, das injeções, e das brigas com os coleguinhas. Você, como pai, tem poder para isso, mas seria o melhor? Esse é o fim que desejaria para seu filho, viver num bolha? Acredito que não. Seu filho precisa aprender a se defender, e encontrar seus próprios recursos para resolver seus probleminhas desde cedo? Se você como pai o livrasse da decepção na escola, dos desafios com os amiguinhos, das injeções, sem dúvida o pouparia da dor imediata, mas também o pouparia da também da vida.  O que virá depois de tudo isso é crescimento, força, aprendizado etc. Para quê então você o livraria? Só pelo sofrimento? 
Você pode sofrer junto com o seu filho, mas não pode viver a vida do seu filho,
Sabe quando estamos na cruz, quando estamos nos nossos "gólgotas" sofremos as mesmas investidas de Satanás sobre a nossa identidade, sobre quem é o nosso Pai. E muitas vezes começamos a desacreditar da sua bondade, da sua fidelidade, e do seu amor por nós, porque Ele está nos levando a crescer. Me dói o coração falar disso, porque muitas vezes me vi assim também, desacreditada no Pai, questionando o seu amor por mim, mas ao lembrar da cruz, e de que "Ele deu seu Filho unigênito para que todo aquele que nEle cresse, não perecesse,, mas tivesse a vida eterna",  retomo à minha sobriedade espiritual e firmo-me na Palavra.
Queridos, nos nossos momentos mais difíceis Ele está ali, sofrendo junto, torcendo junto, iluminando nossos caminhos, e nos ajudando, por meio do Espírito Santo a viver a nossa vida e escolha, a enfrentar nossos "gólgotas", Ele sabe que a cruz aponta para a vida e ressurreição, ( seja ela qual for), O Pai nos sustenta em força, porque nos quer ver maduros e vivendo todas as promessas. Não espere que Ele o livre da cruz, da sua missão, mas espere a ressurreição no terceiro dia, porque depois da cruz vem a vida, vem a glória, persevere crendo. Quando conhecemos o Pai, nada nos abalará, porque Ele está no controle e fará  o melhor por nós. 
No começo desse post, falei da relação do Yuri com o pai dele, como ele espera do pai algo bom, e espera porque conhece o seu pai, e sabe que será em algum momento atendido, com um sim ou com um não, mas seu pai o consolará de qualquer forma. Yuri aprendeu a pedir, a se fazer ouvido pelo pai, e a cada dia ele busca novas estratégias (mesmo com suas limitações), ele não desiste de buscar o Pai, de suprir suas necessidades, ele sabe que seu pai lhe ama e vai cuidar dele. Aprendo com meu filho que preciso conhecer mais meu Pai eterno, preciso confiar que Ele também me conhece e que deseja o meu melhor e o fará porque é bom, porque me ama e não porque estou lhe pressionando, desafiando, ou questionando sua natureza de Pai, de Deus.
Jesus conhecia o Pai, Yuri conhece seu pai e você conhece o Pai?

Termino com esses dois textos:

"Lc 11.11-13 "Qual dentre vós é o pai que, se o filho lhe pedir um pão, lhe dará uma pedra, se pedir um peixe lhe dará uma cobra?, ou se pedir um ovo, lhe dará um escorpião? Ora se vós que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais o Pai celestial dará o Espírito Santo àqueles que lho pedirem"?

MT6.26- "Observai as aves do céu;não semeiam, não colhem, nem ajuntam em celeiros,contudo o vosso Pai celeste as sustenta. Porventura, não valeis vós muitos mais do que as aves?
MT6.31- "Portanto, não vos inquieteis dizendo: o que comeremos? Que beberemos? Ou, com que nos vestiremos? Porque os gentios é que procuram estas coisas; pois o vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas elas".

"Pai, estou voltando prá ti, meu Pai...
Minha vontade não quero mais,
me arrependo de viver sem Ti"...  trecho de música, de Ara Brandes

No amor de Cristo, Ara Brandes



2 comentários:

  1. Meu coração até doeu... Preciso conhecer mais o meu Pai... E o trecho da música tem sido minha oração. Obrigada irmã, por compartilhar. Te amo e aprendo muito com você!

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