A BELEZA DO SIMPLES É A ESSÊNCIA!

Gosto do simples! O simples se revela! Não há excessos, nem enfeites, nem tantos adornos, não há nada exterior para atrair, os chamativos pairam no que é, no conteúdo, na coisa, no ser, na pessoa, no encontro, é o que  é.

Fico pensando se diante de tantos aparatos, e aparências que vivemos, o que de fato está faltando para termos que empacotar tanto o conteúdo?
Você pode dizer, ah Ara, o simples é relativo, e eu irei concordar com você, é sim. O simples para você pode não ser o simples para mim, e ou vice e versa, mas devo dizer que mesmo que sejam diferentes, que não seja universal, penso que deve ser contextual e adequado a condição de cada um, e isso deveria bastar, ou pelo menos nos desafiar a crescer à proporção do desejo. Mas o que vemos hoje é a busca de uma vida alheia, não própria, não adequada à nossa realidade social, mas que grita de todas as formas uma pressão de se ser o que não se é, de se ter o que não se tem, desde o que se veste, come, ao que se deseja. E nessa roda viva nos tornamos consumistas de aparências! E o que se necessita mesmo nem é levado em questão, não importa! 

A carga disso, no entato, é uma sociedade ansiosa, estressada, insatisfeita, e desejante do que não deveria ser um padrão de necessidades. Uma sociedade que adere a cada dia, até dentro das igrejas, a uma busca por viver uma vida do outro, porque esse é o parâmetro do sucesso, viver essa vida do outro (que tem  o que não temos, por suas devidas razões e/ou méritos), não se "é" feliz. É a criança na escola que quer ter o mesmo brinquedo de uma marca que o outro colega tem, sendo que este tem as condições para tanto, ou deveria ter, ou o adolescente que quer fazer a mesma viagem que seu colega fez, porém sem as condições ideais, "necessidades" que fogem do que é essencial e importante realmente. Mas não para por aí, é o desejar o dom, a unção, o jeito, o melhor do outro, sem no entanto, pagar o preço e a dedicação, que este outro buscou porque lhe era próprio. E o problema aqui nem é o querer, mas é o que esse querer se torna, um "valor" de existência, infelizmente.

Contudo, não quero me basear no que entendo por simples, mas quero compreender à luz da Palavra como viver essa vida tão leve, descomplicada, e satisfatória, sem nos deixarmos influenciar pelos códigos socias de como ser, fazer e estar, respeitando, no entanto, nossos valores acima de tudo.  

Jesus nos diz em MT 6.28-29 "Olhai o lírios dos campos como crescem, não trabalham, nem fiam, contudo vos digo que nem mesmo Salomão em toda a sua glória se vestiu como um deles. Pois se Deus veste a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada fora, quanto mais a vós homens de pequena fé"".

Salomão foi o terceiro Rei de Israel, tinha tudo que precisava, toda honra devida a um rei, e muito mais, tinha até para "esbanjar" sua glória, poder, riquezas. Estava adequado ao seu status social e espiritual. Mas, então, por que Jesus compara os lírios, à glória de Salomão e diz que mesmo ele em toda a sua glória nunca se vestiu como um lírio? 

O lírio é vestido pelas mãos do próprio alfaiate, o criador, Deus. Ele não precisa buscar para se embelezar, ele simplesmente é vestido, Ele é. Ele expressa seu genuíno, sua beleza intacta, inalterada. Quando deixamos Deus fazer isso conosco, nem mesmo o mais rico dos homens terá o que temos, pois estamos  vestidos do celestial, e não há nada nessa terra comparável, é para além do que se vê, há um toque da eternidade ao confiarmos em seu amor. Salomão foi fiel por muitos anos a Deus, confiava em Deus, mas deixou-se seduzir pelo poder, pelo status. Deus saiu do primeiro lugar! Quando Deus sai, outro deus entra.

Jesus ilustra neste texto o desejo do coração do Pai de que vivamos como filhos em seu reino, sem pesos, sem ansiedades, sem buscas desnecessárias, porque Ele sabe do que precisamos e do que damos contar de lidar sem nos corrompermos, Ele chama para si a responsabilidade de nos cuidar, de nos suprir, de nos prover. Uma coisa é ser vestido pelas as nossas próprias mãos, outra coisa, é sermos vestidos por Ele, por sua concordância e aprovação. Deus sabe o assédio que sofremos em nosso dia a dia, e sabe que o nosso olhar pode ser corrompido em uma saída, em um encontro, em uma vitrine, ou em um "inocente" anúncio. Mas quando colocamos para Deus as nossas necessidades, ele as filtra e nos dá de fato o que é necessario, de acordo com a nossa realidade, fé, e maturidade, sempre de forma abundante, por que nosso Deus é abundante, mas focal, puro, essencial e no presente. Deus é simples! Simples não é sinônimo de pobreza, mas de essência. Salomão foi muito abençoado por Deus, mas algo saiu do prumo, pelo que lemos, parece que o foco saiu de Deus para as ambições, para os acordos, para o poder. O simples foi manchado na sua essência, deformou o belo que vinha da aprovação de Deus. E embora Salomão tenha feito tantos benefícios a Israel, desviou-se dos caminhos do Senhor.

Um coração que se desvia do simples, é um coração à beira da corrupção de valores. 

Queridos, teremos de Deus o que precisarmos, podemos confiar em nosso Pai de amor. Ele nos promete que nos dará muito mais do que aos lírios do campo, contudo, sua atenção não está no tanto de coisas a nos dar, mas em nos contentar, e contentamento fala de satisfação, de saciedade, de preenchimento, de verdade. Ele tem prazer em nos cuidar, mas para isso irá nos frustrar, nos ensinar, e nos guiar às nossas reais necessidades! Ele está de olho é nelas, porque elas revelam seu amor, o seu caráter, diferentemente do desnecessário, do fulgaz. 

Não há nenhum problema com o luxo, com as riquezas, com os enfeites desde que eles sejam apenas isso, e não "deuses", afirmação, valor, "engano".

Você só conhece o seu vazio quando está preenchido.

"Porque onde estiver o teu tesouro ai estará também o teu coração". Mt 6.21

Por Ara Brandes